Como tantos loteamentos estão sendo liberados em Lagoa Santa? Pergunta que se tornou corriqueira nas conversas de bares e reuniões de famílias. Muitos moradores estão assustados com o volume do desmatamento que está ocorrendo em Lagoa Santa.
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A prefeitura está autorizando inúmeros loteamento e bairros na cidade, entretanto, a população não está vendo onde estão sendo plantadas as árvores para repor as cortadas.
E os animais, para onde está indo após o desmatamento das áreas onde habitavam?
Os projetos de loteamentos que estão descaracterizando a cidade, não parecem ser feitos com base na sustentabilidade.
Diante desse cenário controverso e nebuloso, a Instituição Prevenir Preservar, com o apoio da AMAR (Associação dos Amigos do Museu Arqueológico da Região de Lagoa Santa) denunciamos ao Ministério Público o loteamento Vila dos Albano, localizado na região da Lagoinha de Fora, próximo ao Refúgio de Vida Silvestre Macaúbas.
Também denunciamos o desmatamento que está acontecendo no bairro Recanto do Poeta, em frente a Lagoa Olhos D’agua.
O Ministério Público aceitou ambas as denúncias. Segundo dados do IEF (Instituto Estadual de Florestas), a região da Lagoinha de Fora tem ocorrência de Floresta Estacional Semidecidual protegida por lei, e somente o IEF pode liberar a supressão de árvores, após o estudo da fauna e da vegetação do local.
Dessa forma, a Prefeitura não pode liberar loteamento em áreas de vegetação protegidas por lei e de responsabilidade do IEF.
Ressaltamos que a área em voga possui muitas nascentes e um rico aquífero, local onde, no projeto do loteamento, parece que será realizada uma via duplicada, como também uma rotatória.
Essa região aquífera faz parte indiretamente da Bacia do Ribeirão da Mata, que também se encontra ameaçada, não somente por este empreendimento, mas por vários outros em andamento na região.
Não podemos deixar de informar que, nas terras que se pretende fazer o loteamento, existem fortes indícios que no passado o local foi habitado por povos indígenas.
Segundo relatos de antigos lagoassantenses, nesse local podem ser encontrados fragmentos cerâmicos e artefatos descritos como ‘machadinhas’, fato que caracteriza um sítio arqueológico pré-histórico e cuja ocorrência em Lagoa Santa é muito comum.
A importância da cidade de Lagoa Santa na história da humanidade é um fato reconhecido mundialmente, situação totalmente desprezada durante atual administração Rogério Avelar e Breno Salomão, que também é Secretário de Desenvolvimento Urbano.
Esse desprezo se confirma, visto que a Prefeitura autoriza loteamento sem ter um estudo arqueológico da área.
Acredito que um estudo arqueológico minucioso em toda a região de Lagoa Santa se faz necessário, antes de se liberar qualquer empreendimento.
O potencial turístico e ambiental de Lagoa Santa está se perdendo, se acabando, o que poderia ser uma forma de fomenta o emprego e a economia na cidade.
Árvores centenárias estão sendo cortadas, fauna de pequeno e médio porte morrendo ou migrando para outras regiões.
Dessa forma, quem está perdendo com o desmatamento realizado pelos loteamentos, que parecem não ter limites em Lagoa Santa?
Todos nós, o meio ambiente, a fauna, a flora. Já está faltando chuvas, as temperaturas só aumentam, o desequilíbrio na natureza só piora.
Em Quem ganha com isso? Um pequeno grupo de investidores! A Prefeitura de Lagoa Santa está liberando loteamento em área de mata fechada, mas em sua equipe não tem um engenheiro florestal.
Assim caminha a administração pública em Lagoa Santa, poucos profissionais especializados e várias investigações no Ministério Público.
Deixo aqui minha reflexão!
Por Vanilza Oliveira – Psicóloga, membro do Codema e servidora efetiva da Prefeitura de Lagoa Santa.