Uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI, está em andamento na cidade de Matozinhos desde o fim do mês de fevereiro/2023. Conhecida como “CPI do Obras”, a comissão investiga contratos de prestação de serviços entre o Executivo e a prestadora de serviços AMAV.
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A composição da CPI tem os seguintes vereadores:
Sidirley Bento (PSD) – Presidente
Ítalo Borges (PSD) – Relator
Edinho do Ferro Velho (REPUBLICANOS) – Secretário
Membros Suplentes:
Cláudio Cecé (UNIÃO)
Marcinho do Liberdade (MDB)
Marli Vale (PSDB)
Sargento Martins (MDB).
E na manhã de ontem (9/05), foi realizada a 10ª reunião da comissão parlamentar de inquérito e uma das mais aguardadas. Foram realizadas oitivas (depoimentos), onde ex-servidores, empresários e até o ex-vice-prefeito foram ouvidos.
E o depoimento mais aguardado do dia foi de Antônio de Pádua, ex-vice-prefeito entre 2013 e 2016. Ele fez um resgate histórico de seu mandado, descrevendo com riqueza de detalhes o que motivou seu rompimento político com o Prefeito a época, Antônio Divino.
“Em maio de 2014 o prefeito Antônio Divino enviou para a câmara projeto de doação de terrenos para empresas. Eu questionei ele que todas essas empresas já tinham sede na cidade e que não trariam mais benefícios para o município e que iria ao Ministério Público. No alto de sua arrogância ele me respondeu que todo cidadão pode ir ao MP, ai eu respondi: mas eu não vou como cidadão, vou como vice-prefeito. Aí o tempo fechou”, destacou Antônio de Pádua.
Ele também afirmou que em 2013 alertou o Prefeito sobre o valor que era repassado a AMAV, algo em torno de R$ 900 mil reais, mas segundo Pádua, ele não quis se aprofundar no caso.
Por fim, Antônio de Pádua desabafou:
“Em nome da minha família, agradeço essa comissão parlamentar através do seu departamento jurídico, que tem dado uma roupagem robusta a essa CPI, que não é política. No ano em que completamos 200 anos de história temos que passar por isso. Matozinhos tem um povo bom, trabalhador, religioso, a história de Matozinhos é uma história linda e não serão poucos canalhas que vão manchar a história da nossa cidade”, finalizou o ex-vice-prefeito Antônio de Pádua.
O último depoimento do dia foi do empresário Wilson Barbosa. Ele fez revelações “bombásticas” a respeito da relação do Sr. Francisco, sub-secretário municipal de obras e diretor de meio ambiente, homem de confiança da Prefeita Zélia e do ex-prefeito Antônio Divino, com a floricultura de sua ex-namorada. Wilson foi categórico ao afirmar que Francisco era figura constante dentro da empresa.
Questionado pelo vereador Cláudio Cecé se ele já havia presenciado pedido de vantagens (dinheiro, aumento no valor na nota, etc), pelo Sr. Francisco a sua ex-namorada.
“Eu ouvia dizer que o Francisco pedia para tirar nota a mais. Tipo assim, o serviço é 10, tira nota de 15. Eu ouvia eles conversando sobre isso, não é ninguém que me contou, eu ouvia. E digo mais, o que estou falando é tudo verdade, eu não estou aqui para mentir ou para omitir, vocês estão falando com uma pessoa séria”, concluiu o depoente.
O vereador Sidirley Bento (PSD), presidente da CPI, também falou sobre a condução dos trabalhos.
“Essa CPI está investigando os últimos 10 anos da gestão do Executivo, tanto de Antônio Divino, como da Zélia. Estamos defendendo o dinheiro público acima de qualquer coisa. Estamos trabalhando com muita seriedade e transparência e não vamos aceitar ninguém questionar o trabalho dessa comissão.
A Prefeita não é ingênua, é uma política experiente, já foi vereadora, presidente da Câmara, vice-prefeita e prefeita. Se seus secretários cometem supostas irregularidades, ela está ciente, já que são cargos de confiança. Matozinhos precisa avançar, fazer jus a nossa rica história, estamos presos a um passado político nebuloso. Na oportunidade, agradeço a população de Matozinhos por estar do nosso lado e querer saber para onde vai o dinheiro de seus impostos”, declarou Sidirley.
Essa Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI, teve início no final de fevereiro/2023 e tem o prazo de 120 dias, podendo ser prorrogado.
Caso encontrem provas suficientes que incriminam os chefes do Executivo, a Câmara pode colocar em votação a cassação de seus mandatos, além dos mesmos responderem criminalmente pelos seus atos.
Por Felipe Cruz