Na coluna passada falamos dos jacarés nas cidades e logo algumas pessoas me perguntaram “e as capivaras?”. Falar do maior roedor do mundo é mais uma vez falar de conflitos com animais silvestres em ambientes urbanos.
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Capivaras são herbívoros generalistas que se alimentam de gramíneas e vegetação aquática, mas se adaptam facilmente a outros alimentos de origem vegetal. A espécie possui hábitos semiaquáticos.
Normalmente, a água é utilizada pelas capivaras para atividades de reprodução, termorregulação e fuga dos predadores; campos ou pastos são utilizados para alimentação e vegetações arbustivas para abrigo e parição dos filhotes, que aliás, são muitos.
A espécie, assim como coelhos e ratos, possui alta taxa reprodutiva. Além disso, apresenta grande capacidade de dispersão e colonização que possibilita a capivara, ocupar rapidamente ambientes próximos e disponíveis, mesmo que essas áreas tenham altos índices de urbanização.
Os ambientes urbanos se tornam propícios a ocorrência e ao aumento da população de capivaras, uma vez que o desmatamento e a substituição das matas ciliares (aquelas nas margens dos rios e riachos) por áreas abertas em parque públicos, clubes e condomínios, por exemplo, oferecem alimento e estão distantes dos seus predadores naturais.
Em muitas cidades, o simpático animal é um marco, tornando-se até pontos turísticos vivos. Quem não se encanta ao ver uma família se alimentando ou descansando na beira das lagoas?
Como um roedor, os dentes fortes e grandes, as vezes assusta, mas são normalmente animais dóceis. Essa característica, porém, não significa que são domesticados e como outros animais silvestres podem atacar ao se sentirem coagidos.
A grande polêmica, entretanto, envolve as capivaras como reservatórios da febre maculosa, doença causada por uma bactéria e transmitida pelo carrapato-estrela. Por viverem em altas densidades populacionais, as capivaras podem ser ótimos reservatórios para doença, mas não é o único problema.
Ao serem retiradas do local, por exemplo, os carrapatos poderão buscar outros animais para se alimentarem, como cães domésticos e cavalos.
Por isso, muitos pesquisadores defendem a manutenção das capivaras com praticas de manejo das populações como a castração, garantindo assim o controle da febre maculosa.
Para além das polêmicas e conflitos, as capivaras contribuem para a diversidade dos ambientes, ao proporcionar, por exemplo, alimentos para aves que consomem parasitas (incluindo carrapatos), presentes no dorso desses animais.
Com o crescimento populacional humano as cidades se transformaram em redutos ecológicos importantes para muitas espécies da fauna nativa.
Bato nessa tecla, pois precisamos ressaltar que a presença desses animais nos ecossistemas urbanos é um evento natural, esperado e gradativo, sendo inviável e desaconselhável a exclusão dessas espécies nativas dos ambientes antropizados.
Por Lorenna Cruz