Em duas décadas, a Associação de Catadores de Material Reciclável de Lagoa Santa (Ascamare), tornou-se um coletivo de reciclagem de sucesso.
Hoje, 30 associados dedicam-se exclusivamente à coleta e separação de resíduos urbanos, destinando corretamente 200 toneladas por mês de materiais reaproveitáveis.
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A parceria com a Prefeitura de Lagoa Santa, juntamente com valores como disciplina, compromisso e responsabilidade, tornou a iniciativa um exemplo para outras cidades e entidades.
Neste cenário, o coordenador da Coleta Seletiva, Wanderson Lana, desempenha um papel fundamental no sucesso da associação.
Ele esta à frente da Ascamare desde seu início e destaca os desafios enfrentados devido à instabilidade atual do mercado:
“O mercado é muito nervoso, trabalhamos com lixo, mas nosso material é cotado em commodities, em Nova York.
Então, o dólar afeta diretamente o valor dos materiais, tornando nossa gestão desafiadora.”
Empoderamento social e transformação de vidas através da coleta seletiva
A presidente Elenir Alves, que trabalha na Ascamare desde 2010, conta que sua vida mudou desde então.
Ela veio fugida de Montes Claros com sua filha pequena, buscando escapar de um relacionamento tóxico.
Atualmente, Elenir é diretora da associação e desempenha várias funções, incluindo administração e emissão de notas fiscais.
Ela é um modelo inspirador de empoderamento para todos .
Elenir ressalta que a Ascamare se tornou um local onde essas mulheres encontram independência e liberdade:
“A maioria de nossos associados são mães solteiras, que dependem do trabalho aqui para sobreviver e criar seus filhos.
Nossa associação busca fazer o melhor e ser referência é motivo de orgulho para todos nós.”
Parcerias estratégicas fortalecem a Ascamare
A Ascamare mantém parceria há 14 anos com o Aeroporto Internacional de Confins, através de processo licitatório, para recolher todo o lixo reciclável do local.
Além disso, conta com nove grandes empresas parceiras, além das pequenas do município.
A partir dos próximos meses, a associação utilizará a parceria com o governo de Minas no projeto “Minas Recicla”, transformando resíduos pós-reciclagem em combustível para fornos das cimenteiras em Pedro Leopoldo, gerando energia limpa e custo zero para o município.
Wanderson destaca a importância da coleta seletiva para o processo ser limpo e evitar a queima indevida de materiais:
“A coleta seletiva é fundamental para esse processo ser limpo, porque nós também não podemos sair queimando o lixo completo, porque nós estaríamos queimando matéria-prima, que seria petróleo, plástico e outros metais.
Então é um processo que só vai funcionar onde houver coleta seletiva regulada.”
Embora a Ascamare cubra 100% da coleta seletiva do município, apenas 30 a 40% da população separa o lixo regularmente, e somente 10% o fazem esporadicamente.
Conscientizar a população sobre a importância da coleta seletiva é crucial para garantir a preservação do meio ambiente e o sucesso das iniciativas sustentáveis da associação.
Planos para Garantir um Valor Mínimo às Mulheres Catadoras
Apesar de os associados conseguirem regularmente um valor justo com a coleta, Wanderson Lana explica que a Ascamare está buscando mecanismos para que seus planos se concretizem e façam parte do orçamento do município.
Eles planejam solicitar uma emenda emergencial para enfrentar a atual situação financeira e, posteriormente, buscar uma emenda definitiva junto aos vereadores para garantir um valor mínimo de renda às mulheres catadoras.
Essa medida visa assegurar que, independentemente da oscilação do mercado de materiais recicláveis, as trabalhadoras tenham uma remuneração digna.
“Hoje, o que nós estamos trabalhando, apesar da Ascamare ser considerada referência no estado de Minas Gerais, é a busca por uma renda mínima para nossas associadas.
A prefeitura garantindo esse mínimo, que deve ser próximo do que elas recebem normalmente, permitirá que elas tenham suas contas pagas e sustentem suas famílias”, enfatiza Wanderson.
O coordenador da Coleta Seletiva acredita que esse novo modelo é urgente e essencial para o bem-estar das mulheres catadoras que enfrentam desafios diante das oscilações do mercado.
A garantia de uma renda mínima proporcionaria mais estabilidade financeira às associadas e permitiria que se dedicassem ao trabalho de forma mais segura e tranquila.
Com esse plano em andamento, a Ascamare mostra mais uma vez seu compromisso não apenas com a preservação do meio ambiente, mas também com o cuidado e a valorização de seus associados, especialmente das mulheres que compõem a maioria dos membros da associação.
A Ascamare de Lagoa Santa destaca-se como um modelo bem-sucedido de coleta seletiva e reciclagem, contribuindo significativamente para a preservação do meio ambiente e para o empoderamento social de suas associadas.
Por meio de parcerias estratégicas e gestão eficiente, a associação conquistou o status de referência em Minas Gerais.
A busca por um novo modelo que garanta um valor mínimo às mulheres catadoras é uma iniciativa crucial para superar os desafios impostos pelas oscilações do mercado de materiais recicláveis.
Com o apoio da prefeitura e a conscientização da população sobre a importância da coleta seletiva, a Ascamare reafirma seu compromisso em transformar vidas e contribuir para um futuro mais sustentável para Lagoa Santa.
Por Bráulio Ivo